Fazia muito tempo que não escrevia uma fanfic da banda, desde Love Ain't For Keeping. Mas hoje vou deixar postado aqui e no blog Invasão Britânica a minha nova obra: Love, Reign O'er Me. Música tirada do disco Quadrophenia, ela é considerada por muitos uma música épica, com sua qualidade muito boa. A songfic se passa num Universo Alternativo (leia-se nos dias de hoje). E agora com vocês, a songfic. Boa leitura!
Love, Reign O'er Me__ Maya Amamiya
Uma tempestade estava caindo por toda Londres. Três dias
chovendo, três dias trancados em casa... Três dias ele não a via. Sabia que ela
voltara para casa dos pais após o traumático acidente de carro, no qual ela se
feriu gravemente, mas seu amado não sobreviveu.
Nos pensamentos de Pete, seu amigo, John, preferia entregar sua vida em troca de mais um
tempo de vivência para sua namorada, a adorável Lily. Por isso a menina não procurou ninguém, nem
mesmo os amigos de John. Para ela, perde-lo era mais doloroso do que a morte
prematura do seu irmão. Conhecia Keith nas bandas que ele tocava de freelancer, até oficialmente integrá-lo
na sua banda, formada por ele, seu colega Roger Daltrey e seu melhor amigo John
Entwistle.
Suas lembranças foram interrompidas com o barulho do celular
tocando. Viu na tela o número e reconheceu de cara: veio da casa dos Moon’s.
-- Alô?— Atendeu Pete, sem muita animação.
-- Pete? Sou eu, Kathleen Moon, a mãe da Lily.
-- Ah, Sra. Moon, como vai?
-- Não muito bem. Alias, não estou bem. A Lily... Minha Lily...
-- O que aconteceu com ela?
-- Ela fugiu de casa. Meu marido e eu achamos que ela voltou
para onde Keith morava com vocês.
-- Não a vejo desde o hospital, Sra. Moon.
-- Oh meu deus! – Gritou no telefone. Pete ficou com o
coração aos pulos ao saber do desaparecimento de Lily e acalmou a mãe dela,
prometendo encontra - lá.
Mal colocou o telefone de volta ao gancho, Pete pegou sua
parca*, escreveu numa folha de caderno e deixou na mesa o aviso para Roger e
Barney que ia sair para procurar Lily.
Only love
Can make it rain
The way the beach is kissed by the sea
Only love
Can make it rain
Like the sweat of lovers
Laying in the fields
(Apenas o amor
Pode fazer
chover
Do modo em
que a praia é beijada pelo mar
Apenas o
amor
Pode fazer
chover
Como o suor
dos amantes
Deitados
nos campos.)
Lily estava perdida na praia de St. William. Ela adorava o
mar e como suas ondas deixavam à areia tão suave e fofa de se caminhar. Era
naquela praia onde conheceu seu amor. E foi ali onde soube o que amar e a
descoberta sexual. Fora numa noite com festa onde seus amigos comemoravam a
festa da primavera que Lily e John se entregaram por completo e no dia
seguinte, voltaram para casa, de mãos dadas.
Love, Reign o'er me
Love, Reign o'er me, rain on me
(Amor, reine sobre
mim
Amor, reine
sobre mim, chova sobre mim)
A chuva dificultava os transportes. Mesmo no táxi, o rapaz estava
impaciente e preocupado com que possa acontecer a menina Lily. Olhou o céu
negro da noite e os incansáveis pingos grossos da chuva londrina. Rezou
baixinho para que Lily não cometesse uma besteira, mas conhecendo a moça, era
provável que ia fazer. Compreendia sua dor, afinal, John e Keith eram seus
melhores amigos. Não que desprezasse Roger e Barnesy, mas era com John que Pete
dividia seus segredos e com Keith uma
parceria para festas e clubes onde ia se divertir. Tentou pensar onde a irmã de
Keith poderia estar numa hora daquelas. Na casa de uma amiga ou parente não
podia, ainda mais no seu estado emocional.
Pode ser que ela optasse em ficar na casa dos Entwistles. Também não poderia.
A família de John nunca aprovou Lily por causa do baixo status social. Maud Entwistle por várias vezes tentou convencer
John a largar a garota e o resultado foi sua fuga de casa.
Imediatamente, descartou duas possibilidades. Estava quase
perdendo as esperanças quando subitamente lembrou-se de um fato: a festa na
praia de St. William. Foi lá onde eles se conheceram e firmaram seu amor.
-- Motorista, leve-me para praia de St. William!
-- O tempo está inadequado para ir num lugar desses.
-- Não pedi opinião sobre o tempo. Só quero que me leve lá!
-- Ok, Sir!
Only love
Can bring the rain
That makes you yearn to the sky
Only love
Can bring the rain
That falls like tears from on high
(Apenas o amor
Pode trazer
a chuva
Que faz
você desejar o céu
Apenas o
amor
Pode trazer
a chuva
Que cai
como lágrimas lá do alto)
Quando saiu de casa, o clima era agradável como o verão e por isso
vestiu apenas um vestido longo azul acompanhado de uma blusa branca sem
estampas. E depois veio a chuva gelada e
cortante para sua alma sofrida. Seus pés eram banhados pelo mar salgado do Atlântico.
Por uns instantes pensou ter visto John caminhando naquelas ondas
perigosas. E a chuva era Keith,
consolando a irmã com suas gotas. Lily queria amar e ser feliz. Nem que para
isso ela se juntasse com John no outro lado do mundo ou em qualquer parte dele.
Love, Reign o'er me
Love, Reign o'er me, rain on me
(Amor, reine sobre
mim
Amor, reine
sobre mim, chova sobre mim)
-- Estou indo, John. – Dizia Lily, indo em direção a miragem
marítima de John – Me espere, por favor.
A medida que Lily caminhava, seu corpo afundava e as ondas
atrapalhavam sua visão. Não se importou com isso. Apenas seguiu em frente, até
definitivamente afundar no mar. Tentou
nadar, emergir com suas forças. Segurou sua respiração até certo ponto e nada. O
afogamento era inevitável. E ela nem teve tempo de se despedir dos pais ou ao
menos deixar um bilhete de adeus para eles e para os amigos de John. Sobretudo
Pete. Adorava Pete Townshend como se fosse um irmão mais velho. Mas no fundo Lily tinha um tipo de amor
semelhante ao de John, talvez amasse Pete mais do que John.
Mas agora tudo ia se acabar.
Porém, um outro corpo, magro e suficientemente musculoso salvou
sua vida, fazendo seu corpo retornar acima do mar e depois para beira da praia.
On the dry and dusty road
The nights we spend apart alone
I need to get back home to cool cool rain
I can't sleep and I lay and I think
The night is hot and black as ink
Oh God, I need a drink of cool cool rain
(Na árida e
empoeirada estrada
As noites
que passamos separados e sós
Eu preciso
voltar para casa, para a fresca fresca chuva
Não consigo
dormir então me deito e penso
A noite é
quente e negra como tinta
Ó Deus, eu
preciso de uma dose da fresca fresca chuva)
Primeira tentativa não recebeu resposta. Pete usou seus
conhecimentos de primeiros socorros para afogamentos. Transmitiu oxigênio via
oral para os pulmões de Lily e seguiu por exatas quatro tentativas.
-- Vamos, Lily! – Enquanto empurrava de leve o peito dela, para
expulsar a quantidade de água. – Por favor, querida! Não morra! Eu...
Pete já estava chorando. Temia perde-lá para sempre e não poder
cumprir a promessa para Kathleen Moon.
-- Lily, reaja! Não pode morrer agora! Eu te amo, eu te amo!!
“Eu te
amo!”
Os dizeres de Pete ecoaram nos ouvidos de Lily, até serem
processados em seu cérebro e compreender que deve viver. Essa foi à motivação que precisava. Enfim ela
cuspiu todo o liquido incolor que bebeu.
-- Cof Cof...
-- Lily! Você está bem?
-- Sim... – Respondeu Lily, tremendo de frio e fraqueza. – Pete...
É verdade que... me ama?
-- Com todas as minhas forças, Lily. Eu queria te dizer isso, no
entanto... John apareceu e me falou que gostava de você... Então deixei o
caminho livre... Para vocês.
-- Oh, Pete... Todo esse tempo... Me amando...
-- Agora tudo está esclarecido, meu amor. Fica comigo.
-- É claro que sim. Pete, reine sobre mim.
Ao dizer isso Lily e Pete se beijaram intensamente, ignorando o
frio de chegada do inverno. Eles voltaram para casa, onde Roger, Barnesy e as
famílias Townshend e Moon esperavam pelos jovens. A tempestade cessou voltando
ao clima normal, mas para Pete e Lily, eles estavam recomeçando suas vidas.
Fim